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Os impactos da leitura de livros em plataformas digitais no Brasil

20/10/2020

Os impactos da leitura de livros em plataformas digitais no Brasil

Durante ciclo de debates sobre os resultados da pesquisa Retratos de Leitura no Brasil, Fabio Malini, doutor em Comunicação e Cultura pela UFRJ e professor da UFES, propôs uma reflexão sobre os impactos da leitura de livros em plataformas digitais no Brasil. A partir dos dados da Retratos da Leitura, Malini identificou nove tendências sobre o comportamento leitor brasileiro em outros suportes que não o livro físico. Conheça cada uma delas.

1 Assuntos dos momentos na internet tenderão ser os temas que motivam a compra de livros

O impacto mais intenso do digitalismo que a pesquisa revela não está associada ao acento individual dos influencers, mas incide sobre dois itens bem relevantes na influência da escolha de um livro entre leitores: “tema ou assunto” (33%) e “dicas de outras pessoas” (12%).

Segundo a pesquisa, 66% do total da amostra preferem usar a internet no seu tempo de entretenimento, um aumento substantivo comparada ao percentual (47%) respondido em 2015. O percentual aumenta mais se analisado apenas os leitores de livro: 75%.

2 A mudança do público-leitor para o amigo- seguidor: o leitor plataformizado. 

A imersão na vida digital, sobretudo entre os 32% que priorizam a compra livros exclusivamente em livrarias online, está mais correlacionada com a compra do livro em função do autor. 

3 A narrativização do social determina o interesse da leitura: a elasticidade do espaço público de opinião na internet

Antes restrita às camadas médias e altas da população, a internet se massificou e, em 2019, 89% das pessoas usam a internet diariamente, de acordo com a TIC Domicílios 2018, que passou a abrigar as populações mais empobrecidas (em 2015, 21% da classe D usava a internet nas horas vagas; em 2019, 45%) e de escolaridade mais baixa (em 2019, 42% de quem tem apenas o ensino fundamental). 

Assim não é de surpreender que a pesquisa mostre que 75% dos leitores de livros têm na internet sua principal atividade de lazer. Ou que passatempos, tais como “usar whatsapp” (68%) e acessar “Facebook, Twitter ou Instagram” (50%), estejam ainda mais intensamente na realidade desses leitores.

4 A proximidade física não pertence apenas ao mundo offline, ela é incorporada nas plataformas digitais

São os professores (22%), Amigos (22%) e Mães ou responsáveis do sexo feminino (6%) que pesam na decisão de leitura, portanto, na mediação de um influenciador mais próximo ao leitor. Apenas 3% dos leitores obtêm indicação no Youtube, Instagram ou Facebook. 

5 Na internet, ler notícias é um hábito mais presente na vida adulta

Já ler livros em ambientes virtuais, na vida infantojuvenil.

“Ler notícias, jornais e revistas” é uma atividade cotidiana de 23% dos que usam a internet. Ler notícias na internet é um hábito mais ligados à população adulta. Se contrastarmos os extremos dos mundos adulto e jovem, veremos que o grupo etário de 50 a 59 anos (32%) lê notícias duas vezes mais que o de 18 a 24 anos (16%).

Já ler livros em ambientes da internet é um hábito mais infanto-juvenil (13% entre quem tem de 11 a 17 anos), mais do que o dobro em relação a outras faixas etárias, como por exemplo 18 a 24 anos (6%) e 50 a 69 anos (4%).

É a troca de mensagens o principal espaço interativo da leitura e da escrita online: 67% dos entrevistados Não- leitores mencionaram a troca de mensagens via WhatsApp ou chat do Facebook como uma das atividades mais realizada na internet. Já entre leitores esse mesmo item soma 55% das respostas. 

6 O local da leitura do livro digital: espaços de passagem

O local preferencial da leitura feita através do livro digital continua, na comparação entre 2015 e 2019, sendo os espaços de passagem, como cafeteria (16%), em meios de transporte público (17%), trabalho (15%) e consultórios, salões de beleza ou barbearia (13%), totalizando 61%.

7 Leitores buscam mais conhecimentos aprofundados na internet 

81% dos leitores usam a internet para aprofundar um conhecimento particular. E 64% para estudar e fazer trabalhos escolares (praticamente o dobro em comparação com o valor de 34%, entre os não-leitores).

Mais da metade (53%) leem livros na tela de dispositivos computacionais e 64% tem o hábito de baixar livros, enquanto apenas 17% e 9%, respectivamente, entre não-leitores. 

Entre aqueles com ensino superior, 92% leem notícias e informações; e 89% aprofundam conhecimentos sobre os seus temas de interesse na internet. Essa mesma atividade é foco de 54% e 60% entre os que possuem apenas o ensino fundamental de 1a a 4a séries.

8 O suporte preferencial da leitura digital é o telefone celular 

Em 2015, eram cerca de 26% o número de pessoas que tiveram contato com a leitura de um livro digital. Em 2019, 37%.

Em 2015, 56% dos que já tinham lido um livro digital, havia lido um livro através de celular. Em 2019, 73%. 88% dos que leem livro digital fazem download gratuito.

9 Gêneros literários em suportes digitais: a liderança do conto e da poesia

A poesia passou ser um gênero dominante em redes como Facebook e Instagram: 27% dos respondentes a leem nesses ambientes) e 26% através do WhatsApp, mais do que o dobro do que em jornais ou revistas (12%).



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