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PROJETO
O direito de ler o mundo nas "Histórias Muitas!"

Natureza do projeto
Formação de leitores em geral e de leitores de literatura, Valorização / campanhas de promoção da leitura


Organização responsável:
PCRJ SME EM 02.27.001 Abelardo Chacrinha Barbosa


Categoria da organização
Órgão público




“Histórias Muitas!” surgiu em 2014 com o objetivo de socializar a leitura literária entre crianças e famílias da Escola Municipal Abelardo Chacrinha Barbosa (Laboriaux – Rocinha), também fora da escola. E como livros são caros, e poucos têm a oportunidade de possuí-los, as dez turmas atendidas – da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental – têm cada qual a sua sacola com textos variados e que são levadas para as casas periodicamente num sistema de rodízio.


Professora de alfabetização por uma vida e, atualmente, regente de Sala de Leitura, apaixonada pela profissão e pela literatura, decidi promover uma relação mais próxima entre escola, famílias, crianças e texto literário. Aqui a leitura assume a intenção do prazer de conhecer, descobrir, emocionar, significar, partilhar. Há práticas pedagógicas que buscam associar literatura e avaliação. Não é o caso das experiências de leitura que este projeto propõe.


Os primeiros anos do Ensino Fundamental oferecem a base para a apropriação do sistema de escrita pela criança; e são diferentes linguagens que contribuem para a leitura de mundo, entre as quais, a literária. Assim, o desafio maior é promover uma relação mais próxima com a literatura envolvendo a todos da comunidade educativa. Em suma: ler para gostar de ler!


Autonomia, comprometimento, investimento na leitura e proximidade maior entre escola, comunidade, famílias e crianças são alguns dos objetivos específicos do projeto “Histórias Muitas!” que não contempla uma, mas todas as turmas. Cada sacola tem em seu tecido a assinatura das crianças: marcas de responsabilidade. O compromisso está em cuidar com carinho do material conferindo-o antes de entregá-lo para outro parceiro da sala.


A Rocinha carece de serviços sociais e programas culturais essenciais para ampliar cada vez mais os horizontes de sua população. Reaberta recentemente, a Biblioteca Parque passou um longo período fechada por falta de verbas. A Sala de Leitura assume compromisso político, cultural e social no sentido de democratizar a cultura letrada. Acreditamos na potência do sujeito que entra na escola trazendo saberes – sim, porque fora da escola também se aprende! – e defendemos a relação com o texto e o contexto como marca essencial do processo pedagógico.


O empréstimo semanal de livros pela Sala de Leitura nos fez perceber o desejo das crianças em poderem levar mais de um exemplar, mas nosso acervo é relativamente pequeno. Quando ganhamos de doação uma considerável quantidade de textos literários, gibis e revistas surgiu a ideia de socializar esse material. Inicialmente, aproveitamos as mochilas enviadas pela prefeitura, nas quais as turmas assinaram seus nomes. Na ausência de mochilas, passamos a comprar sacolas com recursos próprios, mas as assinaturas continuam presentes. A seleção de livros acontece a partir da observação do que é interesse de cada grupo. A ideia inicial era fazer as sacolas circularem entre os colegas fora da escola, mas as ladeiras íngremes do Laboriaux e episódios de violência que voltaram a ocorrer fizeram com que as famílias evitassem ter seus filhos circulando por localidades da favela. Assim, a escola passou a ser o lugar de troca; e o mural na lateral da Sala de Leitura, com a relação de todas as turmas, serve de consulta sobre para quem a sacola deve ser entregue. Aliás, as turmas não têm números, mas nomes escolhidos por eleição: Turma do ABC, Desenhistas, Estudantes, Gatinhos do meu coração...


Principais inspirações ou referências teóricas e práticas



Por anos o texto literário embasou minha prática como professora alfabetizadora: aprender a ler com a literatura infantil era significativo. São inúmeros os autores com os quais busco dialogar no que se refere a temáticas da alfabetização e literatura. Paulo Freire e a educação como processo político, Tzvetan Todorov e a literatura que ajuda a viver, os belos textos de Bartolomeu Campos de Queirós são alguns interlocutores que respaldam o entendimento de leitura.


Não houve um curso específico que orientasse a existência deste projeto. A literatura permeia a prática educativa e os estudos teóricos que desenvolvo. A tese de doutorado, defendida em 2014, busca estabelecer um diálogo entre os desafios da educação ressaltados nos textos de literatura infantil.


No ano de 2014 nossa escola foi uma das premiadas no 3º Concurso “Escola de Leitores” promovido pelo Instituto C&A. Participamos de atividades de formação e acompanhamento técnico com educadores da FNLIJ nos quais refletimos sobre práticas cotidianas de promoção da leitura e planejamos novas ações como o projeto “Histórias Muitas!”.


A inspiração relaciona-se diretamente à minha infância. Queria aprender a ler e a escrever para dar conta de desvendar as aventuras dos gibis e da literatura infantil, mas as primeiras experiências com o mundo da leitura e da escrita aconteceram através da fala e palmatória rigorosas de uma explicadora. Aprender não se revelou tão agradável.


A ausência às aulas dificulta o “trânsito” das sacolas. A quantidade de livros precisou ser reduzida pelo peso excessivo. Alguns exemplares de leitura acabam sendo extraviados ou danificados. Embora seja raro, há os que não desejam participar do projeto, fato este que aumenta o desafio na construção de vínculos positivos com a leitura.





14/04/2014


Sim, o Projeto acontece atualmente


Brasil - Região Sudeste - RJ - Rio de Janeiro


crianças, outras


0 a 5 anos, 6 a 12 anos


feminino, masculino

Número de pessoas atendidas


600


300


300


300


300


Estou calculando a partir da quantidade de alunos que a escola atende anualmente.

Equipe


0


6


0


1


0


0


3



Informe se o projeto conta somente com recursos próprios (100%) e/ou se conta com patrocínios ou outros apoios financeiros. Se possível, informe (entre parênteses) como esses recursos se distribuem percentualmente para custear o projeto

100


0


0


50



Quais organizações e/ou instituições são parceiras e como apoiam o projeto

Não temos patrocínio.


Não temos uma parceria específica. Recebemos doações variadas.


O projeto é bem simples e não necessita de apoio técnico. É a própria criança que faz a conferência do material antes de entregar a sacola para um outro colega da turma.


Temos todo o apoio da direção da escola. Atualmente não contamos com muitos exemplares doados e nos foi permitida a utilização de livros de literatura tombados pela Sala de Leitura.


Recebemos doações de bibliotecas que encerraram suas atividades e também de pessoas amigas, professores, diretores e crianças.

Cadastrado em: 09/19
Atualizado em: 28/09/2019