Acreditando fortemente na educação como ferramenta de transformação e na literatura como expressão que proporciona ampliação nas experiências e visão de mundo, nós, do Coletivo Leitura Liberta, articulamos no início de 2017 uma parceria com a direção do Centro de Progressão Penitenciária Feminina “Dra. Marina Marigo Cardoso de Oliveira” do Butantã (CPP do Butantã), por intermédio da Pastoral Carcerária. Levamos literatura e arte à mulheres privadas de sua liberdade.
Somos um coletivo formado por 30 educadoras voluntárias com diversas formações. Em comum possuímos o desejo de viver em uma sociedade mais justa e igualitária. Dessa maneira nos juntamos ao mestre Antônio Cândido na defesa de que a literatura é um direito e um elemento imprescindível no fortalecimento da humanidade existente em cada sujeito.
Acreditamos que a leitura é uma ferramenta libertadora. De cada encontro saímos mutuamente libertas.
- Ampliar o repertório literário das mulheres privadas de liberdade, exercitando a leitura como prática que promova reflexão, alimente o imaginário cultural e contribua para o autoconhecimento e para a formação humana, profissional e cidadã.
Apresentar obras literárias e poéticas que possam despertar o interesse das participantes pela prática da leitura e pelo universo literário.
Fomentar a reflexão sobre “ser e estar no mundo”, a partir do instrumental literário trabalhado, conectando as questões e especificidades das obras à realidade das participantes do grupo.
Exercitar a leitura como prática que permita a valorização da convivência e da compreensão do mundo.
Acreditamos que essas mulheres, mesmo que em um espaço privado de liberdade, não estão destituídas de sua humanidade e podem agir como verdadeiras multiplicadoras da leitura literária entre seus pares. Suas potencialidades podem ser desenvolvidas e exercidas de maneira benéfica, através da troca genuína de conhecimentos, num raro momento de liberdade, mesmo entre grades.
As participantes são mulheres que se encontram em progressão de pena no CPP do Butantã. As oficinas seguem uma metodologia em sistema de auto-gestão, quem assume de forma voluntária a coordenação do encontro de determinado dia escolhe o título ou tema que lhe faz mais sentido, pois vê nessa escolha possibilidades de boas e pertinentes discussões e de inspiração para estimular a leitura de literatura. A escolha é sempre intencional. Seguimos a definição de literatura elaborada por Antônio Cândido em Direitos Humanos e Literatura em que ele chama de literatura “(...) todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, (...) como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos.”.
Iniciamos com alguma atividade de concentração que chamamos de "Momento Baleia". Depois vem o contato com o texto do dia por meio de leitura em voz alta, ou contação de história, ou dramatização etc. Em seguida uma proposta de reflexão, acompanhada de uma oficina "mão na massa" que pode ser uma oficina de escrita criativa à uma produção artística. E o encerramento do encontro com nova roda de conversa.
Principais inspirações ou referências teóricas e práticas
Nos juntamos ao mestre Antônio Cândido na defesa de que a literatura é um direito e um elemento imprescindível no fortalecimento da humanidade existente em cada sujeito.https://homoliteratus.com/antonio-candido-o-direito-humano-literatura/
Todos nós do coletivo temos uma experiência em educação. Não tivemos nenhuma capacitação ou formação. Realizamos leituras individuais. No primeiro ano realizamos encontros do coletivo a cada dois meses para discussão do projeto, novos encaminhamentos e formação do grupo.
Todos nós do coletivo temos uma experiência em educação. Não tivemos nenhuma consultoria ou assessoria técnica.
Temos o conhecimento de algumas iniciativas de mediação de leitura em cárcere. Mas somente após a nossa entrada, passamos a conhecer mais e melhor outros projetos, como o Sarau Asas Abertas. Trabalho de extensão da UNILA em Foz de Iguaçu também são projetos que nos inspiram.
Como trabalhamos de forma voluntária, todas nós realizamos atividades profissionais paralelas, em algumas vezes precisamos nos desdobrar para sermos ao menos duas pessoas no mesmo dia. Mas ao longo desses três anos, nunca precisamos adiar o encontro por falta de pessoas. Já fomos impedidas de entrar por motivos internos do presídio.
10/02/2017
Sim, o Projeto acontece atualmente
Brasil - Região Sudeste - SP - São Paulo
população institucionalizada - presídios ou unidades de menores que cometeram infração
18 a 59 anos
feminino
Número de pessoas atendidas
900
300
300
300
35
Em média temos 30 participantes em cada oficina
A quantidade por ano é uma aproximação
Equipe
30
30
30
30
30
30
30
Informe se o projeto conta somente com recursos próprios (100%) e/ou se conta com patrocínios ou outros apoios financeiros. Se possível, informe (entre parênteses) como esses recursos se distribuem percentualmente para custear o projeto
100
0
0
0
Quais organizações e/ou instituições são parceiras e como apoiam o projeto
Nenhum
Não recebemos nenhum tipo de investimento.
Cada educadora se organiza para providenciar os materiais usados nas oficinas e se responsabilizam pelo deslocamento.
Não recebemos nenhum ti[o de apoio
Além das doações de cada integrante do coletivo. Recebemos doações de livros de literatura dos amigos e das campanhas feitas nas redes sociais.