Um coletivo de amigos do Braille participantes de ações estimuladoras de leituras numa Biblioteca, integrando escritores brasilienses aos deficientes visuais como forma de tornar suas vidas mais ricas com leituras aliadas às linguagens artísticas, reforçando que cultura e educação andam sempre juntas, com várias gerações envolvidas. Atividades, como rodas inclusivas, produções de textos, danças, teatralizações, exposições e oficinas diversas fazem desse espaço um verdadeiro celeiro de leitores.
A simplicidade das ações aliadas a uma humanização exemplar com incentivo à leitura de textos literários por deficientes visuais, estimulando-os a produzirem suas próprias obras literárias numa Biblioteca que oferece espaço para encontros entre escritores e leitores especiais, além de apresentações artísticas relacionadas à literatura, ocorrendo o resgate da cidadania de pessoas abaladas pela perda da visão, promovendo uma educação inclusiva e oferecendo novas perspectivas de vida.
Contribuir com a educação e inclusão social dos deficientes visuais do Distrito Federal e cidades do entorno de Brasília, oportunizando vida mais digna, com cidadania, por meio de leituras.
- divulgar a Biblioteca recém-inaugurada para atrair seu público especial; - facilitar a vida dos deficientes visuais, pois os livros em Braille são volumosos; - promover a socialização da pessoa com deficiência visual, por meio da integração com escritores, valorizando a literatura que transforma e enriquece a condição humana; - estimular a leitura, com vários gêneros literários transcritos em Braille e incentivar/orientar a criação de produções literárias pelos deficientes visuais, utilizando várias linguagens artísticas; - possibilitar a inclusão do deficiente visual no processo educacional por meio de atividades artísticas que o integrem; - valorizar a literatura brasiliense com obras dos autores locais, transcrevendo-as para o Braille.
Existia apenas um local com livros em Braille, em todo o Distrito Federal-DF, área com 30 cidades, conhecidas como regiões administrativas. Tratava-se de uma Biblioteca escolar localizada em Brasília, distante da cidade de Taguatinga, a cidade sede do projeto em pauta. Foi criada, então, a Biblioteca Pública Braille no DF, em 1995, sendo a primeira e única pública. Tornou-se necessário um projeto para fazê-la conhecida de todos e foi idealizado o Luz & Autor em Braille. A leitura era escassa para o público adulto que não tinha atendimento na biblioteca escolar existente. Ao ser procurada sobre o que fazer com 2 mil livros em Braille e duas deficientes visuais vindas da Secretaria de Cultura, para uma biblioteca pública tradicional, eu que era da Secretaria de Educação abracei a causa.
Criou-se a estante do escritor do DF na Biblioteca Braille, com livros em tinta. Obras foram adquiridas e transcritas para o Braille, visando à promoção do entrosamento dos cegos e os de baixa visão com os escritores. Nas ações do Projeto, desenvolvem-se atividades educativas e culturais, cotidianamente. São jornadas de leituras; aulas de alfabetização em Braille; empréstimos de livros; reforço escolar; rodas de leituras diárias; dançaterapia; transcrições em Braille; correção de textos; capacitação de professores; exposições; bazar literário e painel da inclusão. Além disso, são organizadas oficinas literárias, musicais e teatrais, envolvendo, também, familiares que acompanham os deficientes visuais. Na preparação para o Projeto em pauta, após escolher o autor da vez, vem o estímulo para atrair o público alvo, com reuniões e atividades pedagógicas que preparam os participantes para o encontro leitor/escritor, ambos Autores em Braille. Então, leem as obras e são instigados a criar seu próprio texto, sonhando com o dia em que conhecerão sua fonte de inspiração. Com as atividades contínuas da Biblioteca, os participantes se envolvem e desenvolvem o prazer de participar sem resistência, permitindo resultados excelentes. Os textos produzidos são, então, revisados e produz-se uma versão em Braille e outra à tinta, permitindo a leitura de duas maneiras nas exposições. Uma vez ao ano é organizado o grande encontro entre leitor-autor e escritor-patrono. Para este evento são convidados todos os envolvidos e outros. Uma experiência contínua, permanente, com atividades diversificadas a cada ano para atrair o leitor especial e cativá-lo para as leituras e produções literárias. Visitas contínuas de escritores à Biblioteca. O projeto já passou por 3 versões chegando a uma 4ª versão, uma evolução inédita: a 1ª Academia Inclusiva de Autores Brasilienses.
Principais inspirações ou referências teóricas e práticas
Sim, todas as referências bibliográficas pesquisadas num curso de pós-graduação onde a monografia abordou Dinamização de Bibliotecas, de 1995. Referências teóricas de Luis Milanesi, Ezequiel Teodoro da Silva e seus livros sobre leituras e Bibliotecas. Também a mestra Walda Antunes, onde tive oportunidade de fazer o curso proposto por ela em um de seus livros e logo ser instrutora para repassá-lo aos deficientes visuais e outros interessados. O livro Revolucionando Bibliotecas, de minha autoria, reunindo todas essas experiências vivenciadas, inclusive a criação do projeto, já que projeto não se registra, mas contido no livro, sim!
Sim, inúmeros cursos ministrados pela Secretaria de Educação do DF, pela EAPE – Escola de Aperfeiçoamento de Profissionais da Educação, estendendo-se depois a todos os órgãos, como Ministério da Cultura, Secretaria de Cultura, Presidência da República, UnB, UFMG... nunca parei com cursos e capacitações, principalmente os de Educação à Distância. Creio que tenho um número considerável para recordes, tantos foram os cursos feitos.
Tanto a Secretaria de Educação quanto a de Cultura sempre ofereceram oportunidades, mesmo já aposentada, pois continuei como voluntária dessa Biblioteca Pública, ligada às duas Secretarias e contando com funcionários de ambas, em consideração ao que é feito pelo grupo de trabalho. Até especialização transformando o Projeto em Pesquisa Científica consegui, indicada pela Secretaria de Educação, bem como carta de recomendação do Secretário de Educação para apresentar trabalhos na UNICAMP e em outros locais.
Sim, inspirei-me no Projeto Leitor e Criador de autoria da escritora Stella Maris Rezende, criado na Secretaria de Educação do DF, em 1988 que previa a ida de um escritor à escola. Executei bastante esse projeto quando estava em uma Biblioteca escolar (começo dos anos 90). Aí aposentei ao criar a Biblioteca Braille e logo a seguir realizei o sonho de levar muitos escritores de uma vez, um pra cada deficiente visual, começando com 17 escritores e 17 deficientes visuais no 1º ano.
A situação fragilizada da Biblioteca Braille que sedia a prática por não ter um convênio assinado entre instituições que chefiam bibliotecas públicas no DF. Com isso, a insegurança no local de trabalho gera desconfortos, como a não estabilidade para os poucos funcionários cedidos e o espaço totalmente aberto ao público de avenida movimentada. Também a cultura do voluntariado não ser bem compreendida por alguns beneficiários ou funcionários. E outras dificuldades com recursos materiais ou financeiros.
27/10/1995
Sim, o Projeto acontece atualmente
Brasil - Região Centro-Oeste - DF - Brasília
outras
6 a 12 anos, 13 a 17 anos, 18 a 59 anos, mais de 60 anos
feminino, masculino
Número de pessoas atendidas
23000
1000
1300
1500
40
Como o projeto funciona, até hoje, como o Plano de ação da Biblioteca que o sedia, todas as atividades que acontecem giram em torno dele e temos um livro de registro diário dos frequentadores. Normalmente, em torno de 1000 assinaturas a cada ano. Com a criação da Academia que é a coroação do projeto esse número aumentou. Quando a ação é dentro da Biblioteca em torno de 40 participantes, pois o espaço não comporta mais ou reservamos o Teatro da Praça, ao lado da Bibliobraille, então são mais de 100 participantes nos eventos maiores.
Equipe
1
3
1
0
15
9
4
Informe se o projeto conta somente com recursos próprios (100%) e/ou se conta com patrocínios ou outros apoios financeiros. Se possível, informe (entre parênteses) como esses recursos se distribuem percentualmente para custear o projeto
50
0
40
10
Quais organizações e/ou instituições são parceiras e como apoiam o projeto
Como idealizadora e mantenedora do projeto, uso de recurso próprio. Às vezes vem patrocínio financeiro para outras ações/desdobramentos desse projeto pelo FAC - Fundo de Apoio à Cultura, da Secretaria de Cultura do Distrito Federal. e, em formato itinerante, o projeto é levado a vários locais.
A parceria mais certa é com as duas Secretarias de Estado, a de Educação e a de Cultura que, normalmente, quando ocorre a assinatura de um Termo de Parceria, o que ainda não ocorreu; entrará, também, a Administração da cidade, com suas atribuições.
De algumas entidades ligadas à área, como: ABDV - Associação Brasiliense de deficientes Visuais; ONCB - Organização Nacional de Cegos do Brasil e outras ligadas à leituras, o foco de todo esse trabalho.
Secretaria de Educação com espaço físico e gastos com funcionários, água, luz e telefone.
Secretaria de Cultura com 1 funcionária cega, motivação de toda a criação, tanto da Biblioteca quanto do projeto.
De pessoas voluntárias que se envolvem no projeto, principalmente na doação de livros para o acervo de autores locais.