Natureza do projeto Formação de mediadores ou agentes de leitura, Criação / aperfeiçoamento de espaços da leitura/bibliotecas, Formação de leitores em geral e de leitores de literatura
O Praler -Prazeres da Leitura, criado em 2008 pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de SP, é um programa que tem a finalidade de promover e desenvolver o gosto pela leitura em populações potentes que vivem em territórios com características de vulnerabilidade social. É realizado em parceria com organizações interessadas em implantar e/ou ampliar ações de leitura e literatura junto a seus públicos. As estratégias de mediação variam de acordo com as necessidades dos grupos-alvo.
O Praler contribui para incentivar a leitura e a formação de comportamentos leitores, bem como garantir a democracia cultural em espaços públicos que não sejam especificamente destinados para tal fim, como asilos, hospitais, orfanatos, albergues, casas de saúde, presídios e organizações comunitárias. O programa prevê a doação de um acervo de publicações variadas e a realização de intervenções seriadas conduzidas por atores locais e facilitadores com experiência em mediação cultural e de leitura.
O objetivo principal do programa é que a literatura, os livros e a leitura sejam instrumentos transformadores de processos individuais de recuperação social, de resgate da autoestima e da cidadania. As ações de mediação são realizadas com o intuito de deixar como legado para a organização parceira um aprendizado sobre práticas de mediação de leitura, que pode ser replicado pelas próprias equipes, a permanência da prática leitora e o livre compartilhamento do acervo doado.
A cada parceria, são traçados objetivos específicos para atender as demandas apresentadas pela organização, conhecedora das necessidades e carências de seus públicos. Uma das principais características do Praler é a flexibilidade de adaptação às demandas tanto da organização como do público a ser atendido. Seus formatos ajustam-se para que todos os grupos-alvo possam ter acesso à leitura. Como resultados qualitativos, o programa evidencia que a leitura e a literatura são instrumentos para estabelecer novos vínculos, promover relações sociais afetivas e solidárias, e alavancar a formação de comportamentos leitores, na perspectiva transformadora e humanizadora da leitura e da escrita e no interesse para a produção artística e cultural.
A motivação do programa está na sua própria marca: PRAZERES DA LEITURA. Buscamos apresentar a leitura como prática prazerosa e de superação das limitações do cotidiano, como excelente oportunidade para decifrar os códigos que a vida humana apresenta para que se cumpra plenamente o exercício do direito da cidadania e da liberdade.
“Se a literatura pode nos fazer caminhar para um mundo de mais entendimento, resta saber. O que é possível, e isso sem dúvidas, é acreditar que a palavra, em sua dimensão mais estética e simbólica, pode ser redentora e ressignificadora do próprio lugar no mundo. Um lugar de encontro e de superação da imediata realidade, especialmente quando ela é muito menos do que se deseja e muito mais do que se suporta.” (PEREIRA, 2018, p. 117).
As metodologias e os mediadores são selecionados conforme público-alvo, organização e dinâmica mais apropriadas, variando entre ações de formação e difusão cultural, como contação de histórias, cursos e oficinas de mediação de leitura e produção literária, saraus, slams, entre outras. O ritmo e conteúdo das intervenções podem ser ajustados de comum acordo com as organizações atendidas.
O modelo mais simples de intervenções consiste em uma série de cinco a dez atividades, de uma a quatro horas por semana, com um ou mais facilitadores. Em média, o acervo doado é de 150 obras literárias de diferentes gêneros. As dinâmicas variam: escuta, diálogos e leitura em grupo ou individual, roda de histórias, exercícios de escrita poética e literária, etc. Várias experiências foram realizadas para testar diferentes metodologias constituindo um consistente repertório de práticas de mediação que permite superar diferentes desafios.
Breves relatos:
No Presídio Militar Romão Gomes, em São Paulo, foi realizado um curso de escrita criativa que se estendeu por seis semestres. O resultado foi materializado no livro “Mentes Livres”, escrito por 26 internos. As atividades foram mediadas por escritores e educadores especializados.
Desde 2017, o programa tem parceria com a Fundação Santo André e Prefeitura Municipal de Santo André para a formação e consolidação da Rede Beija-flor de Pequenas Bibliotecas Vivas, composta por quatro bibliotecas comunitárias, duas bibliotecas públicas e duas bibliotecas escolares, localizadas nas microrregiões periféricas Sacadura Cabral e Cata Preta. Em 2018, o Praler foi contemplado com o edital do programa Iberbibliotecas, do Cerlalc/Unesco, no valor de US$ 9,3 mil, o que possibilitou a ampliação das ações para: institucionalizar a rede; articular a formação e gestão da política de desenvolvimento de coleções, com compra de acervo atualizado; diversificar as atividades culturais; e capacitar os atores das instituições envolvidas.
Principais inspirações ou referências teóricas e práticas
BOTELHO, Isaura. Dimensões da cultura – Políticas culturais e seus desafios
BRITTO, Luiz Percival Leme. Ao revés do avesso – Leitura e formação
CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. Vários Escritos
PEREIRA, Ana Vieira. À margem – experiências de literatura com pessoas encarceradas.
PETIT, Michèle. A arte de ler: ou como resistir à adversidade
PETIT, Michèle. Os jovens e a leitura: uma nova perspectiva
YUNES, Eliana. A leitura e a literatura como direitos e princípios de cidadania
A equipe de Programas e Projetos da SP Leituras, Organização Social de Cultura responsável pelo planejamento, execução, monitoramento e avaliação das ações do Praler, está em aperfeiçoamento contínuo, participando de capacitações das áreas da Cultura, Educação e Assistência Social, para pesquisar e identificar profissionais especializados capazes de facilitar atividades para atender as necessidades das organizações parceiras e seus públicos.
Desde 2012, o Praler conta com o apoio de consultoria especializada em seu processo de monitoramento e avaliação, feita em parceria com o Instituto Fonte – para o desenvolvimento social. O esforço é investido para o fortalecimento da gestão, de forma a oferecer serviços cada vez melhores e de produzir mais impacto nos territórios onde atua.
Inicialmente o programa foi concebido para realizar intervenções de mediação de leitura em espaços públicos da cidade de São Paulo. Gradativamente, sua estrutura, premissas e ações foram aprimoradas para atender populações potentes em situação de vulnerabilidade social, acolhidos por instituições sociais, confirmando assim a sua vocação de promover bem-estar social por meio da leitura e fruição literária e pela aplicação de um “saber fazer”.
Os escassos recursos (materiais e humanos), limitam a ampliação de ações do programa e sua área de abrangência.
01/05/2008
Sim, o Projeto acontece atualmente
Brasil - Região Sudeste - SP - São Paulo Brasil - Região Sudeste - SP - Santo André Brasil - Região Sudeste - SP - Iguape Brasil - Região Sudeste - SP - Lençóis Paulista
estudantes, comunidade em geral, trabalhadores, população institucionalizada - presídios ou unidades de menores que cometeram infração, população institucionalizada - orfanatos, hospitais, asilos etc., crianças, adolescentes/jovens, educadores (professores, coordenadores, diretores, etc)
0 a 5 anos, 6 a 12 anos, 13 a 17 anos, 18 a 59 anos, mais de 60 anos
feminino, masculino, transgênero
Número de pessoas atendidas
9640
725
1161
647
45
Os dados estão sistematizados desde o ano de 2012, quando o programa passou a ser gerido pela SP Leituras.
De 2012 a 2019 foram realizadas 294 ações, com 9.640 participações, com o apoio de 59 facilitadores, em 57 diferentes instituições em quatro municípios do estado de São Paulo.
As observações dos questionários são fundamentais para o processo de mútuo aprendizado.
Após dois anos de parceria (2017 a 2019) do programa com o projeto Rede Beija-flor de Pequenas Bibliotecas Vivas de Santo André, constatou-se o significativo aumento na frequência mensal nas bibliotecas comunitárias, públicas e escolares integrantes da rede. Em 2017, 22% dos respondentes declararam nunca frequentar bibliotecas, percentual extinto em 2019, ou seja, os públicos-alvo passaram a acessar periodicamente esses equipamentos. Agora, 9% frequentam diariamente alguma biblioteca da rede, 14% semanalmente (contra 5% da pesquisa inicial), 14% quinzenalmente (contra 8%), 20% mensalmente (contra 14%) e 43% raramente.
Outro resultado positivo da parceria se refere ao indicador “formação de comportamentos leitores”. No questionário de impacto de 2019, um dos itens dialoga com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil 4 (2016), do Instituto Pró-Livro, que considera leitor o indivíduo que tenha lido pelo menos um livro, em formato papel ou digital, inteiro ou em parte, nos últimos três meses. Pessoas que participaram das ações do Praler, passaram de nenhum livro lido nos últimos três meses de 30% em 2017 para apenas 7% em 2019. Os que passaram a ler um livro foi de 35% para 41%, dois livros de 16% para 32% e de três livros de 5% para 14%.
Os resultados são mensurados por meio de indicadores quantitativos e qualitativos e os dados são coletados, tabulados e relatados trimestralmente à Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo (SEC).
Equipe
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Informe se o projeto conta somente com recursos próprios (100%) e/ou se conta com patrocínios ou outros apoios financeiros. Se possível, informe (entre parênteses) como esses recursos se distribuem percentualmente para custear o projeto
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Quais organizações e/ou instituições são parceiras e como apoiam o projeto
Governo do Estado de São Paulo
Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo – Unidade de Difusão Cultural, Bibliotecas e Leitura
Contratos de Gestão nº 2/2011 e 3/2016
SP Leituras - Associação Paulista de Bibliotecas e Leitura (2012 - atual)
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Em 2018, o programa foi contemplado com o edital do Iberbibliotecas, programa do CERLALC/UNESCO em prol do livro e leitura nos países ibéricos, no valor de US$ 9,3 mil.
