A pesquisa Retratos da Leitura foi até a FLUP – Feira de Literatura da Periferia, em 2019, para conhecer o perfil leitor dos frequentadores dessa feira.
Nesta semana, pensamos destacar o que nos revelou a pesquisa Retratos da Leitura aplicada na FLUP e comparar com o perfil leitor dos frequentadores de outros eventos do livro (Bienal do Rio- 2019 e Bienal de SP-2022) e com o perfil leitor dos brasileiros, segundo a Retratos da Leitura no Brasil (2019).
Nesses eventos do livro, quase a totalidade dos frequentadores são leitores (FLUP -97%; BIENAL SP 98% e BIENAL Rio – 95%). Percentual muito superior ao dos brasileiros, pois 52% declararam ter lido pelo menos um livro, parcial ou inteiro, de qualquer gênero, em um período de três meses. Em relação à média de livros lidos, enquanto os brasileiros leem 2.6 livros (incluindo didáticos e religiosos), no período de 3 meses, os frequentadores da FLUP leem 7.9, principalmente, literatura.
Interessante verificar que 46% dos frequentadores da FLUP se autodeclaram pretos e 21% pardos; e, 68% se enquadram nas classes C, D e E. Esses percentuais são bem superiores aos dos frequentadores de outros eventos do livro. Quando analisamos escolaridade, 76% dos frequentadores da FLUP têm nível superior. Esse percentual também é maior do que o dos frequentadores das Bienais de SP (59%) e Rio (61%). Apesar de uma situação social mais vulnerável, o que surpreende é o percentual maior de pessoas com nível superior.
Esses dados também mostram um quadro bem diferente da realidade brasileira, e, confirmam a importância das políticas de cotas nas universidades. Também revelam que, quando têm a oportunidade de frequentar uma universidade, se diferenciam, quanto ao perfil leitor, de frequentadores de outros eventos que reúnem maioria que se declara branca (na Bienal de SP, 13% se autodeclararam pretos e 24% pardos) e com melhor situação social: 76% nas classes A e B, na Bienal de SP, e, 69% na Bienal do Rio.
Outro resultado dessas pesquisas, que vale destacar, é a preferência por autores e títulos.
Enquanto na FLUP identificamos, com base nos últimos livros lidos, a preferência por autores/títulos com temática racial ou social (quadro abaixo); o que marcou a Bienal de SP (2022) foram os autores/títulos indicados por influenciadores, em especial, os booktokers. Nas vendas declaradas pelas editoras e nos eventos com maior número de visitantes, esses autores, que podem ser conferidos no quadro abaixo, foram os que se destacaram, conforme divulgado pelas mídias por ocasião da Bienal.
Já na pesquisa nacional (2019) – os livros de autores religiosos são os mais citados. Entre os lidos nos últimos três meses, a Bíblia aparece em primeiro lugar com 20 vezes mais citado do que o segundo mencionado (infanto juvenil -Diário de um Banana) – Obs.: Nesta pesquisa temos entrevistados a partir de 5 anos e estudantes do fundamental.
