O aprofundamento da reflexão sobre convergências e dissonâncias nas análises sobre a impactante queda na leitura pelos brasileiros, inspiraram a realização, pelo Instituto Pró-Livro, do Seminário Retratos da Leitura no Brasil (dia 9 de dezembro/2025, no Auditório do Itaú Cultural)

Ao reunir especialistas com diferentes olhares e trajetórias, o Instituto Pró-Livro espera aprofundar a análise sobre a revelação de que o Brasil tem mais não leitores do que leitores. Esse retrocesso tornou urgente rever ou buscar novos caminhos para melhorar esse “retrato” e mobilizou todos e todas que acreditam no poder da leitura e dos livros no desenvolvimento pessoal, humano e na construção das sociedades mais justas e democráticas. É essa convicção que move o Instituto Pró-Livro a promover a pesquisa, o livro e o Seminário Retratos da Leitura, buscando o apoio de especialistas, patrocinadores e parceiros.

Quem são os debatedores? 

Os articulistas do livro Retratos da Leitura no Brasil (figura) foram convidados a refletir sobre os desafios revelados na pesquisa. Por que isso importa?

Brasileiros estão lendo cada vez menos. Os conteúdos virais sobre livros nas redes sociais, a ascensão de influencers literários e as multidões que visitam eventos de literatura não refletem uma realidade preocupante: nos últimos quatro anos, houve uma redução de quase 7 milhões de leitores no país. Entender esse fenômeno e os contextos que explicam essa retração, foi a solicitação dos organizadores para que os debatedores identifiquem novas trajetórias.  

Quem são os realizadores?

A realização da pesquisa, do livro e do Seminário coube ao Instituto Pró-Livro-IPL que contou com o patrocínio do Itaú UNIBANCO (via Lei Rouanet-MINC) e o apoio das mantenedoras do IPL: Abrelivros, CBL e SNEL. O Seminário contou também com o 

patrocínio da Fundação Itaú.  O Livro ampliou esses apoios, contando com a Fundação Santillana, Companhia das Letras, Gráfica Santa Marta e Suzano S/A.  A coordenadora desses projetos e organizadora do livro é Zoara Failla. O IPEC (atual Ipsos-Ipec) aplicou a sexta edição da Pesquisa.

Angelo Xavier, presidente do IPL, fala sobre a importância de conhecer o “retrato da leitura no Brasil” e de provocar debates consistentes para melhorar esses indicadores: 

“Sabemos que ler bem vai muito além de decifrar palavras. São os jovens com sólidas habilidades de leitura e pensamento crítico que conseguem realmente aprender, compreender o mundo e construir conhecimento. Essas competências permitem a cada um filtrar informações, refletir sobre o que escuta e faz e tomar decisões conscientes sobre o próprio futuro. Por isso, fortalecer a leitura, dentro e fora da escola, é uma tarefa coletiva — que envolve professores, comunidade escolar, famílias e toda a sociedade —, pois melhorar os indicadores de leitura no Brasil não é apenas garantir o aprendizado dos estudantes, mas também investir no desenvolvimento humano, social e democrático do nosso país.”

 – Angelo Xavier.

Zoara Failla, coordenadora da pesquisa Retratos da Leitura, selecionou trechos dos artigos do livro com o tom do debate no Seminário:

 “Esperamos que essas falas orientem novos caminhos para a construção do país leitor que sonhamos, um Brasil de leitores críticos, ávidos por livros e literatura”  Zoara Failla. 

PROGRAMAÇÃO DO SEMINÁRIO

 9h00 – ABERTURA 

– Apresentação do Seminário (Leo Neto)

• Vice-presidente do IPL e Presidente da CBL – Sevani Matos 
• Presidente da Fundação Itaú – Eduardo Saron 
• Secretário de Formação Cultural, Livro e Leitura do Ministério da Cultura (SEFLI/MinC) – Fabiano Piúba 

PAINÉIS

9h30 

– Apresentação Painel (Leo Neto)

PAINEL I. RETRATOS DA LEITURA – DIAGNÓSTICO e DESAFIOS NA FORMAÇÃO DE LEITORES

“Leituras” da Retratos da Leitura no Brasil 6 – diagnóstico e desafios

Zoara Failla _ Socióloga, com mestrado em Psicologia Social -PUC-SP, Coordenadora das Retratos da Leitura do IPL

Releitura dos resultados que mais impactaram e dados que mostram que a Retratos não investiga somente a leitura em livros, mas traz, também, hábitos de leitores em outros materiais e suportes e o acesso em diferentes meios e plataformas. Sobre os desafios, diz: 

“São muitos os desafios para formar leitores, e não são novos, mas agora eles se somam a urgente necessidade de descobrir como conquistar ou reconquistar uma geração entorpecida pelas telas e que ainda não descobriu o poder da leitura e a magia da literatura (mais de 90% dos jovens usam o tempo livre na internet e 43% das crianças nos vídeos games. Somente 20% leem livros). 

 10h00

Quem forma o leitor hoje — o livro, o mediador ou a realidade que insiste em ser lida pelas telas?

– Pensamento crítico: imperativo ético em tempos de hiperconectividade para formação de leitores reflexivos

Ana Erthal – Professora e pesquisadora Pós Doc Faculdade de Educação (USP)

Eduardo Saron – Presidente da Fundação Itaú 

Luiz Fernando Martins de Lima – Professor do IFSP e doutor em Letras (UNESP)

Mediação – Tatiana Leite – Jornalista, criadora do “Va ler um Livro” , ganhou o Prêmio Retratos da Leitura (IPL) e outros, Tiktokers

Em um cenário em que a leitura disputa atenção com narrativas fragmentadas e uma diversidade de linguagens, a formação do pensamento crítico depende, cada vez mais, da capacidade de ler profundamente — não apenas textos, mas o próprio mundo. 

Esta mesa propõe discutir a agência humana como núcleo perante a tecnologia digital: ao alcance das mãos está a porta para mediadores, influenciadores, suporte de memória e acesso às ferramentas de inteligência artificial. Ana Erthal questiona se os leitores são movidos pelo prazer da leitura ou se acumulam referências mediadas por redes de influência, construindo ou dissolvendo o vínculo entre a leitura e a realidade. Luiz Fernando Martins avalia o papel dos novos mediadores, especialmente na cultura da difusão das redes multimidiáticas que moldam percepções literárias na lógica da aceleração. Eduardo Saron, por sua vez, traz à discussão o direito à realidade, refletindo sobre como a leitura pode restituir densidade à experiência humana em meio à cultura do fragmento. A mediadora Tatiana Leite – que transita na defesa da leitura do livro como tiktoker provoca os debatedores: quem forma o leitor hoje — o livro, o mediador ou a realidade que insiste em ser lida?

11h20

A formação de leitores e o despertar do gosto pela leitura – desafios e trajetórias para família e escolas

Idmea Semeghini-Siqueira – Livre Docente da Faculdade de Educação USP

Teresa Cristina Aliperti – Professora do Ensino Fundamental I da rede estadual paulista e doutora em Literatura e Crítica Literária.

Eliana Yunes – Doutora em Linguística e Literatura. Cátedra UNESCO de leitura.

Mediação: Maria Mortatti – Professora titular na UNESP, escritora e poeta.

Idmea Semeghini defende o despertar do gosto pela leitura na primeira infância e a instalação de creches e escolas infantis com espaços lúdicos e multilinguagens. Teresa Aliperti, a partir da sua tese e experiência exitosa, conta como envolver as famílias nas práticas leitoras. Eliana Yunes, conclui sua reflexão sobre os desafios para a formação de leitores, propondo: “rever os parâmetros que usamos para identificar/formar um leitor, hoje, pois me parece que a leitura nas práticas escolares está presa a modelos de séculos passados.” A Mediadora Maria Mortatti–provoca reflexões sobre a formação e a atuação dos professores frente aos desafios apresentados pelas debatedoras para a formação de leitores e o despertar do gosto pela leitura na escola.

INTERVALO (12h30 – 14h00)

14h15

• Apresentação Painéis (Leo Neto)

PAINEL II.  LIVROS E LEITURA TRANSFORMANDO VIDAS E SOCIEDADES 

14h20

Ressignificando as Bibliotecas Públicas e Escolares.

Bibliotecas Comunitárias e as leituras em todos os territórios.

Jorge Moisés Kroll do Prado – Presidente da FEBAB e professor de Biblioteconomia na FFCL USP -RP

 Bel Santos Mayer – Mestre pela EACH/USP. Coordenadora do IBEAC e cogestora da Rede de Bibliotecas Comunitárias LiteraSampa.

Marcia Cavalcante – Mestre em Educação, fundadora e coordenadora do Instituto Cirandar  

Mediação: Dolores Prades – doutora em História econômica (USP) e especialista em literatura infantil (Univ. Barcelona) Consultora feira de Bolonha.

Jorge do Prado avalia a pouca frequência e representações que os brasileiros têm das bibliotecas e defende a reimaginação/reinvenção dos espaços abertos à comunidade, além de incluir literatura e mediação no currículo de formação de bibliotecários. Já Bel Mayer, referência em atuação nas bibliotecas comunitárias como elo de transformação de vidas pela leitura, defende que as bibliotecas sejam espaços de diálogo, de reflexão, construção de conhecimentos e empoderamento das comunidades locais. Para Márcia Cavalcanti – a efetividade de políticas públicas depende da mobilização e da escuta dos diferentes atores do ecossistema do livro, observando sobretudo os territórios populares e sua diversidade.

PAINEL III. POLÍTICAS PÚBLICAS- GARANTINDO O DIREITO AO LIVRO E A LEITURA 

15h30 – 17h00

O PNLL – desafios e a gestação de um novo RETRATO

Fabiano Piúba – Secretário de Formação Cultural, Livro e Leitura do Ministério da Cultura (SEFLI/MinC).

Jefferson Assunção – Diretor de Livro, Literatura e Bibliotecas, da Secretaria de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura.

Anita Gea – Diretora de Apoio à Gestão Educacional da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC).

Mediação: José Castilho Marques Neto – Consultor internacional e membro titular do Conselho Diretivo do novo PNLL.

Para avaliar a relevância da pesquisa e sua série histórica na qualificação de políticas públicas, foram convidadas as principais referências em políticas públicas do livro e leitura, e que estão à frente do desenvolvimento do novo PNLL. Fabiano Piúba avalia a pesquisa como ferramenta para qualificar as políticas de acesso aos livros e de promoção da leitura, e diz que a Retratos 6 traz uma “representação da figura do leitor”, revelando crises na mediação da leitura.  Jefferson Assunção e Fabiano Piúba apresentam os projetos e ações do MINC, e, se juntam a Anita Gea para comentarem ações desenvolvidas pelos Ministérios da Educação e da Cultura na construção do novo PNLL. José Castilho, analisa a série histórica da pesquisa e destaca as políticas públicas de governos democráticos e a mobilização da sociedade para “estancar a hemorragia e avançar na construção de um país mais leitor”. “Formar leitores/as é uma decisão política estratégica e só se realiza em períodos democráticos e includentes com políticas e planos construídos aos moldes da PNLE e do PNLL”.   

Seminário Retratos de Leitura no Brasil

• Dia 9 de dezembro, no Itaú Cultural (SP). 
• Endereço: Av. Paulista, 149 – Bela Vista, São Paulo – SP -São Paulo
• Horário: 8h30 (recepção) – 9h00(abertura) às 12h30 e das 14h00 às 17h00

Acesso ao download gratuito do livro e das edições da pesquisa:  www.prolivro.org.br